segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Crítica - Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres

    Acho importante deixar bem claro uma coisa, antes de começar a crítica: não li os livros de Stieg Larsson - mas pretendo -, tampouco assisti à versão sueca. Portanto, essa análise é mais de um espectador 'pego de surpresa' e que, além de pontuar as qualidades cinematográficas do longa, também discorrerá sobre a história em si.


    ''Millennium'' marca a volta de David Fincher ao seu 'melhor' tipo de cinema. 'Melhor' porque é onde ele mais se dá bem, dirigindo excelentes filmes mais focados nos gêneros Policial e Suspense: ''Clube da Luta'', ''Se7en'' e ''Zodíaco''. Obras de atmosfera pesada, personagens marcantes e situações extremante particulares - que revelam um lado mais dark da sociedade -. Falar sobre todas elas seria tirar o foco, todavia gostaria de dizer: ainda bem!. Nada contra ''A Rede Social'', por exemplo, que é um grande filme; entretanto é nesses gêneros que Fincher se sai melhor.


    O desenvolvimento da trama é baseado, principalmente, no desaparecimento de uma garota - herdeira de uma família sueca, tradicional e poderosíssima - há muitos anos. Mistério esse que unirá o jornalista Mikael Blomkvist (Daniel Craig) e a hacker Lisbeth Salander (Rooney Mara), que são contratados pelo 'magnata' Henrik Vanger (Christopher Plummer), responsável outrora por todas as empresas da família. Mikael está sem dinheiro, descredibilizado e com seu jornal à beira da falência; após perder um processo contra um milionário, criticado em uma de suas colunas. Por isso aceita a oferta da tal investigação 'no Pólo Norte', como diria a sua amante, Erika (Robin Wright). Já Lisbeth, é uma jovem tutelada pelo Estado por causa do seu comportamento, digamos, explosivo. Já conhecida pelos contratantes suecos (ela investigou a vida de Mikael, antes da 'contratação' dele), entra no caso por pura 'diversão'.


    Apresentações feitas, já dá para começar a crítica propriamente dita. E que tal os créditos de abertura como ponto de partida? Sim, porque eles são fantásticos! Repleto de detalhes, enigmático e lindo; desde já você já não quer tirar os olhos da tela (e não crie esperanças, isso se manterá pelo resto de sua duração). A trama é introduzida calmamente, partindo do processo contra Mikael e da investigação de Lisbeth sobre o próprio. Somos apresentados aos problemas familiares de Mikael e também às crises de Lisbeth, e depois ao mistério da menina desaparecida. O jornalista e a hacker só se conhecem, de fato, depois de um bom tempo. Aqui, exemplifiquei a primeira grande qualidade de ''Millennium'': seu roteiro. Ele discorre com muito brilho; os personagens são complexos e bem esculpidos e os diálogos muito bem colocados. Tudo, claro, apoiado na excelente direção de Fincher, na montagem eficaz, na fotografia marcante e na trilha sonora maravilhosa.


    Falar do roteiro e da complexidade dos personagens, sem dedicar um parágrafo à Lisbeth seria - muito - incompleto. A garota que tentou matar o pai aos doze anos, cheia de piercings, com uma grande tatuagem de dragão (ah, vá!), que não cumprimenta ou olha nos olhos de alguém, vingativa e que diz o que pensa. Já seria fascinante. Porém, há Rooney Mara. Com um trabalho extremamente bem feito; humanizado e assustador. A fascinação pela personagem é ainda maior, beira à obsessão, para saber mais sobre ela - passado, presente, futuro e sua mente; tudo -. Salander é uma grande personagem, e Mara captou bem a sua essência.


    Como Lisbeth, o visual do filme também é impressionante. A sensação de estar assistindo à um filme nórdico, e não americano, é constante. 'Culpa' de Fincher que encontrou uma boa medida para a frieza e suspense dali (aproximando-se de ''O Escritor Fantasma'', de Polanski). A habilidade da direção de arte é, portanto, digníssima de nota. Além disso, a qualidade do diretor também recebe apoio de outro departamento - que já citei, até - o de Fotografia. O casamento de ambos rende cenas memoráveis, como a 'vingança' da hacker e o clímax final da trama da garota desaparecida (que já havia se tornado algo bem maior que isso).


    Com atuações também eficientes de Daniel Craig e Christopher Plummer, ''Millennium'' é mais um grande filme de Fincher. Bom saber que sequências virão, que as livrarias terão de me vender os livros de Stieg Larsson e que Rooney Mara foi indicada ao Oscar. E para o fim, o epílogo, que demonstra que realmente o principal das 2h30 de filme é Lisbeth Salander e que a trama da menina desaparecida, está mais para sub-trama.    Nota: 9/10

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