terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Balanço de Janeiro (Parte I)

    Mais dez filmes, vistos nos últimos quinze dias, escolhidos por mim para pequenos comentários.

10. Burlesque (idem, 2010)

    A união de Cher com Xtina para um filme e não tiveram o mínimo cuidado para dar algum toque de personalidade (e de qualidade). A história babaca da menina do interior (Christina, visivelmente ''emagrecida'' por computador) que vai para Los Angeles, em busca de um sonho, e acaba entrando num bar burlesco dirigido por uma ex-dançarina (Cher). Tá, tá, já não parece bom. E não, ninguém fez nada para melhorar. 
    Aparentemente o diretor Steve Antin não se deu ao trabalho de assistir a musicais consagrados. A inserção das canções na história se dá das maneiras mais imbecis possíveis. Não há qualquer contexto (por exemplo, o ensaio de Cher no palco; uma bela música, porém uma cena gratuitíssima). Saudades do encaixe perfeito entre música e roteiro visto em ''Chicago''. Os números musicais são muito ruins (com a exceção do último), e quando nem a direção de arte se salva... Interpretações vazias... Enfim, cuidado! É uma bomba das grandes!    Nota: 3/10




9. Contra o Tempo (Source Code, 2011)

    Tá, gente, essa história de mensalmente sair um filme com um protagonista duvidoso que entra em uma ''suposta realidade paralela'' e se apaixona por alguma mulher que lá se encontra, já deu. Na verdade, nem devia ter começado. Não há nada com menos criatividade do que essas ''ideias de gênio'' que os roteiristas acham que têm ao criar essas histórias. 
    A sinopse: Colter, um soldado americano, acorda em um corpo desconhecido (ele é outra pessoa, simplificando) e precisa impedir uma explosão no trem em que ele está viajando. Falando sobre esse filme exatamente há um agravante: a estupidez do protagonista. Durante toda a primeira hora ele só faz bobagem. Isso que teoricamente ele é um soldado treinado... Aí, sem nem querer torcer pelo heroi, dá para aguentar o filme? E, além do mais, não há empolgação em momento algum, só vontade de que a tortura acabe logo...   Nota: 4/10   P.S.: Vera Farmiga, cuide da sua carreira.




8. Tron - O Legado (Tron Legacy, 2010)

    Serei sincero: o que esse filme tem de bom são seus efeitos especiais. O visual futurista/high-tech encanta e o rejuvenescimento do rosto de Jeff Bridges é notável. Conte a beleza de Olivia Wilde e as qualidades param por aí mesmo. A continuação do filme de 1982 não dá razões para existir (exceto as financeiras). 
    O roteiro é fraco e sem personalidade; banhado no clichê até a morte. Garrett Hedlund faz um dos protagonistas mais insuportáveis de todos os tempos, péssima atuação. Hoje em dia, só enfeitar com computador uma história esquelética, como a do vilão-que-domina-tudo que enfrenta os herois oprimidos e sem apoio, já não é eficiente e aceitável.     Nota: 5/10







7. Megamente (Megamind, 2010)

    Mais um dos casos em que um filme infantil peca exatamente por ser infantil. A história do personagem-título Megamente, um vilão que tentar dominar a cidade de Metro City enfrentando o heroi Metro Man, é, por si mesma, interessante. E as citações à obras como ''Superman'' (explícita) ajuda ainda mais na construção da atmosfera. O que se intensifica com as boas escolhas na trilha sonora e um começo verdadeiramente inspirado. Mas, a partir daí, é só problema. 
    A esquematização do filme nos clichês infantis e o abandono da paródia como alicerce da trama desabam o filme, que chegando em seu fim, já beira o insuportável. Mas, ainda assim, é bem melhor que aquela coisa horrível chamada ''Meu Malvado Favorito''.    Nota: 5/10







6. Vício Frenético (Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans, 2009)

    Um filme difícil de engolir. É. O longa de Werner Herzog se mantém sempre numa linha entre o 'gostar' e o 'não gostar' dele, para mim. As qualidades da história original são preservadas, com a incursão ao mundo das drogas e da relação dele com a vida cotidiana sendo ótimas. Nicolas Cage incrivelmente surpreende como o policial viciado que investiga o assassinato de uma família africana (não que esteja bem, mas ao menos não está lastimável). 
    O problema do filme é sua 'originalidade excessiva'. É. Não pela sua concepção, mas pelas criações visuais exageradas demais. Em muitas ocasiões, Herzog erra o tom e excede o limite da seriedade do espectador. E olhem que sou um ser preparado para bizarrices (e que ama Charlie Kaufman). Aceitável e qualificado, porém nem tanto.     Nota: 7/10





5. Star Trek (idem, 2009)

    J. J. Abrams é um cineasta em plena ascensão em Hollywood. Antes de lançar o ótimo Super 8, em 2009, também dirigiu outro bom filme: essa prequel para a saga ''Jornada nas Estrelas''. Se há algum diretor da nova geração que brinca bem com efeitos especiais e ficção científica, esse alguém ele. Aqui ele demonstra isso em batalhas épicas e efeitos primorosos, aliados à um roteiro que prende tanto pelo foco nas relações humanas, quanto pelo desandar da trama principal. 
    Há problemas é claro: furos no roteiro (que por vezes se engrandece demais), interpretações duvidosas e um certo melodrama que incomoda; o que em nada diminui os méritos do diretor em ressuscitar tão bem a saga.    Nota: 7/10







4. Educação (An Education, 2009)

    O filme de Lone Scherig é elegante. Se tivesse de resumi-lo em uma frase, diria isso. A construção da história sobre a descoberta do amor (e da chegada à fase adulta) por uma adolescente é bem realizada. 
    É um longa 'técnico', por assim dizer: interpretações excelentes (principalmente Carey Mulligan e Alfred Molina), direção cheia de classe e conceitualmente bem pensado. E, se isso é sua principal qualidade, é também seu defeito. O romance e o drama da jovem não chegam a empolgar e a obra sempre fica no 'quase' quando tenta ser contundente quanto à sua moral. Filme para premiações, mas muito elegante.    Nota: 7/10








3. Ligações Perigosas (Dangerous Liaisons, 1988)

    E a elegância anda solta por aqui. Aqui, ela é ainda maior. O longa de Stephen Frears, que retrata o jogo de influências e desejos em meio à sociedade francesa no século XVIII, é um primor. Interpretações fantásticas, absurdamente memoráveis: Glenn Close, John Malkovich, Michelle Pfeiffer... e porque não, Uma Thurman. 
   Um elenco assim, uma parte técnica excelente (figurinos, fotografia, trilha...) e um roteiro inspiradíssimo. Dialógos, personagens, atmosfera e retrato social; todos em alta. Enfraquece-se por vezes quando se perde em meio às suas tantas camadas, porém só aquela conversa 'final' entre a diva Marquesa Isabelle de Merteuil (Glenn) e o Visconde Sebastién de Valmont (Malkovich) vale por tudo.    Nota: 8/10







2. Quero Ser John Malkovich (Being John Malkovich, 1999)

    E vamos de Kaufman? Vamos. Não há nada melhor do que se render ao surrealismo do roteirista e se divertir ao longo do filme tentando contabilizar os momentos geniais vistos. A história é a de Craig (John Cusack), um arquivista que encontra numa sala da empresa onde trabalha, um túnel que leva diretamente à mente de John Malkovich. Contar além daí é tirar a diversão de quem for querer assistir. 
    O absurdo da história é tão divertido e 'real' que posso dizer que essa é umas das melhores comédias dos últimos tempos. O contraste com a realidade (que também viria em ''Adaptação) faz a trama crescer ainda mais, com John Malkovich interpretando a si mesmo e participações especiais de Brad Pitt, Sean Penn, Charlie Sheen... Todos interpretando a si mesmos também. Fabuloso!  Nota: 8/10






1. Adaptação (Adaptation., 2002)

    E tem mais Kaufman para hoje, minha gente. Em seu melhor longa, para mim, ele conta uma 'biografia' por assim dizer. Após as filmagens de ''Quero Ser John Malkovich'' (sim, elas aparecem aqui), o roteirista (vivido por Nicolas Cage) está trabalhando na adaptação de um livro sobre flores, de Susan Orlean (Meryl Streep). Esse trabalho é aqui mostrado por dois focos: as histórias de Susan e as dificuldades de Charlie.
    Só um mero detalhe: a história é realmente real, ele estava adaptando aquele livro na vida real e a adaptação é o filme! No final do longa, o roteiro que Charlie começa a criar é o que assistíamos desde o começo da projeção. A 'exceção' é o irmão-gêmeo de Charlie, Donald, que é apenas um lado do verdadeiro escritor e não uma pessoa mesmo. Confuso? Diferente? Sim, e absurdamente original! Cage, Streep e Chris Cooper estão excelentes. 
    Uma brincadeira com o cinema. E uma brincadeira genial. Eu quero ser Charlie Kaufman, e não John Malkovich.    Nota: 9/10

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