terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Análise - Oscar 2011: Recordar é viver

   Bom, eu sei que o Oscar 2011 já foi há muito tempo e tudo mais, porém essa análise servirá mais como um aquecimento para a temporada de premiações de 2012, que já começou com o anúncio de vencedores de alguns circuitos, como o NBR (National Board of Review).

   Também acho importante citar que eu concordo que o Oscar não seja (nem de perto) a demonstração real do MELHORES do ano. Cannes talvez seja muito mais justo, entretanto é o prêmio mais conhecido e, portanto, digno de nota. Farei breves análises de algumas categorias, as que eu achei ''mais polêmicas'', e é importante lembrar que um ou outro filme eu acabei não assistindo. Vencedores estarão em negrito e grifados.

MELHOR TRILHA SONORA

Indicados:  
  • Alexandre Desplat, por ''O Discurso do Rei''; 
  • A. R. Rahman, por ''127 Horas''; 
  • Hans Zimmer, por ''A Origem''; 
  • John Powell, por ''Como Treinar Seu Dragão''; 
  • Trent Reznor/ Atticus Ross, por ''A Rede Social''.


   Quanto às trilhas, a minha análise sobre a qualidade delas é: se durante a projeção elas se fazem notar (sem se sobreporem à imagem, claro), se são tecnicamente boas e, o mais importante, se elas me causam a vontade de querer ouvi-las de novo. Posso dizer que apenas a segunda característica se encaixa na trilha vencedora. Por hipérbole: se ninguém me dissesse que haviam composições ao fundo, acharia que ''A Rede Social'' tinha sido feito apenas com o som ambiente. 
   A mesma coisa, praticamente, para a de ''O Discurso do Rei'' (que talvez até seja melhor tecnicamente). As trilhas de ''Como Treinar Seu Dragão'' e ''127 Horas'' são fortes e melhores que as anteriormente citadas, porém nenhuma supera as composições de Hans Zimmer para ''A Origem'', potente e única (o que seria da cena da ''dobradura da cidade'' sem ela?). Sendo ela, ao meu ver, a merecedora do prêmio.
   Também queria lembrar que a trilha de ''Harry Potter 7.1'' também é muito boa e podia muito bem ter sido indicado. Ao meu ver pesou o fato de uma indicação dupla de Alexandre Desplat ser evitada. Uma pena.

MELHOR DIREÇÃO

Indicados:
  • Ethan Coen/ Joel Coen, por ''Bravura Indômita''
  • Darren Aronofsky, por ''Cisne Negro''
  • David Fincher, por ''A Rede Social''
  • David O. Russell, por ''O Vencedor''
  • Tom Hooper, por ''O Discurso do Rei''
   Aqui, minha maior discordância é quanto a não-indicação de Christopher Nolan. Falem o que quiserem e tudo mais, mas a sua direção em ''A Origem'' é primorosa. É oficial: Nolan é o novo Di Caprio para a Academia. 
   E aí entra a grande pergunta: ele entra e quem sai? Bom, tenho três opções e as direi na ordem de maior para menor merecimento pela indicação: David O. Russell, que faz uma direção absolutamente correta, no também correto ''O Vencedor'', merece estar aí pela ótima direção de seus atores - que levaram duas estatuetas para casa (Melissa Leo e Christian Bale), além de uma indicação (Amy Adams) - e por tirar leite da ''pedra Mark Wahlberg''; Tom Hooper, dono de mais uma direção correta em ''O Discurso do Rei'' (talvez um pouco mais correta que o anterior) e também com uma boa direção de seus atores, com uma estatueta (Colin Firth) e mais duas indicações (Helena Bonham Carter e Geoffrey Rush); por último, os irmãos Coen, os queridinhos da Academia, que até hoje não me monstraram o motivo de tanta adoração, e não foi diferente neste último ''Bravura Indômita''.

MELHOR FILME

Indicados:
  • ''127 Horas''
  • ''Bravura Indômita''
  • ''Cisne Negro''
  • ''O Discurso do Rei''
  • ''Inverno da Alma''
  • ''Minhas Mães e Meu Pai''
  • ''A Origem''
  • ''A Rede Social''
  • ''Toy Story 3''
  • ''O Vencedor''


   Em suma, os indicados foram bem escolhidos (não, nunca me iludi achando que ''Ilha do Medo'', do Scorsese, ''Escritor Fantasma'', do Polanski, ou ''Kick-Ass'', do Matthew Vaughn, fossem indicados, mesmo merecendo). Os mais fracos ali e totalmente azarões eram: Minhas Mães e Meu Pai, um ótimo e leve filme sobre homossexualidade; Inverno da Alma, que completava a parte independente dos indicados; Bravura Indômita, empurrado pelo ''by: Ethan and Joel Coen'' e Toy Story 3, que já fez história ao ser indicado para o prêmio principal.
   No segundo escalão, temos ''A Origem'', a parte blockbuster (e isso não é negativo!) da lista; ''127 Horas'', o eficiente filme de Danny Boyle; ''O Vencedor'', que possuía sua força pela indicação para Melhor Diretor de David O. Russell; além de ''Cisne Negro'', disparado o melhor filme entre os indicados, mas que não possuía grandes chances com a sempre tradicional Academia.
   Por fim, os dois favoritos e que protagonizavam os bolões por aí: ''A Rede Social'' e ''O Discurso do Rei''. Gosto de ambos os filmes, porém se é para ser entre os dois, que ganhasse o primeiro. O filme de Tom Hooper é certinho demais, frio demais, técnico demais. Prefiro o frescor da obra de Fincher, atual e com pontos de criatividade em alguns momentos. A Academia decidiu diferente, ficando com um dos vencedores mais contestados dos últimos tempos e que, por minha previsão, será futuramente tão criticado quanto a vitória de ''Kramer vs. Kramer'' sobre ''Apocalypse Now'' ou as não-indicações de ''2001: Uma Odisseia no Espaço'' e ''Psicose'' na categoria principal em seus respectivos anos, entre outros exemplos.

2 comentários:

  1. É triste ver um filme tão comum como O Discurso do Rei ganhando o Oscar principal. Eu gosto dele, mas não mereceu tanto reconhecimento, principalmente com filmes como A Origem, Cisne Negro, A Rede Social e Toy Story 3 concorrendo. Nem devia ter sido indicado a categoria principal. Já a esnobada de Nolan na categoria de direção é o pior erro longe do Oscar 2011 (o colocaria no lugar de Hooper fácil fácil), assim como a montagem de A Origem sendo esquecida também. Sobre trilha sonora, gosto muito da de A Origem e da de A Rede Social. Iria adorar que a de Cisne Negro fosse indicada, mas nem podia pois havia sido desclassificada. Uma pena.

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  2. Concordo que ele seja convencional, mas é um filme convencional cercado de ótimas interpretações e bem-feito em toda a sua parte técnica. Comparo sempre ele ao longa ''A Rainha'', de 2006 (que também foi indicado).

    Na categoria de diretores, o ideal para mim seria: Fincher, Nolan, Polanski, Scorsese e Aronofsky. Com o prêmio ficando com o último. Mas é o Oscar, né... Nem sempre o melhor é o melhor. Ia citar o prêmio de Montagem também, porém seria praticamente a mesma coisa que diria no de Diretor.

    A desclassificação da trilha de Cisne Negro era esperada. Mas, sinceramente, essa história de não poder usar ''samples'' de músicas antigas precisa ser repensada. Se levada ao pé da letra, a regra desclassificaria quase todos os indicados também.

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