sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Crítica - Meia-Noite em Paris

 

    Aluguei ''Meia-Noite em Paris'' meio desacreditado. Woody Allen é um dos diretores mais famosos do mundo, porém nunca me conquistava. Comecei a assistir à sua filmografia por ''Vicky Cristina Barcelona''. O nome me interessou, o filme estava sendo bem-falado (sim, eu assisti na época de lançamento, quando nem sabia nem quem era, por exemplo, Stanley Kubrick). Quanto ao longa, achei um tédio. O roteiro não dá liga, a narração em off domina tempo demais da projeção e os personagens, estereótipos latinos. A opinião foi mantida mesmo após revisão.
   
    Daí veio o também elogiado ''Match Point'', um filme bonzinho, entretanto blasé. A minha terceira tentativa veio com ''Tiros na Broadway'', que talvez seja o meio termo. O filme mesmo, é fraco. Mas com tantas atuações fortes e memoráveis, é difícil dar um dislikeE então, depois de muita enrolação, desculpas e temor... Assisti à ''Meia-Noite em Paris''. E gostei.
    
    O filme conta a história de Gil (Owen Wilson, em uma, quem diria, atuação convincente), que é apaixonado por Paris e que está prestes a se casar com Inez (a sempre eficiente Rachel McAdams). A ''ação'' começa mesmo quando Gil, bêbado, resolve caminhar pela cidade e recebe um convite de dois estranhos para entrar em seu carro e ir a uma festa (é, ele aceita). Daí, por um motivo inexplicado (e, no fim, irrelevante), ele acaba sendo levado de volta aos anos 20 (época que sempre glorificou como os melhores anos da história) e encontra, na tal festa, todos os seus ídolos literários, artísticos e cinematográficos.


    São os Fitzgerald de um lado, Picasso de outro, Hemingway ali na ponta e até Buñuel. O mais notável é que esses astros não soam clichês (exceto o Dalí de Adrien Brody), mesclando o que se sabe deles por biografia com um algo a mais, uma outra visão (talvez de Allen). E é nesse enredo que mistura cinema, história e psicologia que o filme se desenvolve.

    No campo das atuações, destaque para a sempre bela e oscarizada Marion Cotillard, a também oscarizada Kathy Bates e os já citados Wilson e McAdams. O roteiro é bem-produzido, com alguns diálogos brilhantes. E Allen, isso é inegável, é um ótimo diretor e que sabe transformar Paris de bela em deslumbrante, através de sua lente. Mas o mais importante e digno de nota é a mensagem: valorize o presente e pare de querer ter vivido em outra época, porque lá, segundo Allen, eles viam suas vidas, tal qual você vê a sua: parte de uma geração inútil.


    O filme é redondinho, perfeito para a parcela do público médio e consumidor de ''arte''. O que faltou, talvez, foi um pouco de equilíbrio, um enfoque maior na comédia (gênero de todos os filmes dele e que, dessa vez, ficou devendo) e, principalmente, coragem. Uma ideia tão inspirada poderia ter rendido algo ainda maior, Allen quis apenas entreter, fazer ''arte''. Com um pouco mais de força teria criado, quem sabe, um clássico do novo milênio, e não um bom coadjuvante.    Nota: 8/10

2 comentários:

  1. Esse é com certeza um dos melhores filmes do ano. Allen se reconstruindo depois do horrendo Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos. Elenco perfeito, direção boa e um roteiro fabuloso. Abraços.

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  2. É dos melhores do ano e salvou a cara do Allen junto da minha pessoa. Já não posso mais criticá-lo como antes.

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