quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Crítica - Coraline e o Mundo Secreto

    
   Henry Selick é dos diretores mais competentes de Hollywood atualmente. E isso já foi demonstrado logo em seu primeiro filme, ''O Estranho Mundo de Jack'' (The Nightmare Before Christmas, 1993), que encantou o mundo com seu apuro técnico e beleza visual. Depois disso, veio o bom ''James e o Pêssego Gigante'' (James and the Giant Peach, 1996) e o dispensável e pouco conhecido ''Monkeybone - No Limite da Imaginação'' (Monkeybone, 2001). Confesso que achei que a carreira do diretor estava fadada ao fracasso e esquecimento depois deste filme. Ainda bem que estava errado, eis que nasce ''Coraline e o Mundo Secreto'', adaptação do livro de Neil Gaiman * (Coraline, 2009).
   
   Só pela sinopse já se sabe que não se trata de um filme qualquer e que viria coisa boa por aí: Coraline Jones (dublada por Dakota Fanning) é uma menina de onze anos, que acaba de se mudar para uma nova casa, distante de seus antigos amigos, a Mansão Cor de Rosa, situada em um isolado vale no Oregon. Como se não bastasse a solidão causada por isso, seus pais não lhe dão qualquer atenção, uma vez que estão sempre trabalhando. Porém, a garota possui espírito explorador e acaba encontrando, em sua casa, uma passagem para um mundo alternativo e aparentemente perfeito, onde seus pais são atenciosos, os vizinhos super-simpáticos, enfim, tudo é lindo e utópico.
   
   Tá, né, uma animação, com um mundo bonitinho e florido... Ok, bem infantil, né? Claro que não! É um filme do Selick e, aqui, o público alvo é, majoritariamente, o adulto. O enredo começa a tomar rumos assustadores, nada próximo ao divertido e leve mundo alternativo de ''Monstros S.A.'' (Monsters, Inc., 2001). Todos os personagens do longa são únicos e com toques de originalidade, desde as duas senhoras que moram próximas à garota, ex-estrelas do teatro, até o gato preto. Mas o que é mais impressionante é a técnica de stop-motion utilizada, praticamente não se nota que tudo ali é feito de 'massinha', é simplesmente maravilhoso! Difícil se imaginar que aquela técnica de ''A Fuga das Galinhas'' (Chicken Run, 2000) chegaria a tamanho apuro visual, se aproximando até mesmo de animações em CGI.
   
   Sim, o filme é belo visualmente, muito bem dirigido por Selick e possui um primeiro ato simplesmente apaixonante. Mas aí, deu problema. Se desde seu começo o filme se desenvolvia maravilhosamente, fugindo do lugar-comum e nos apresentando aquele mundo magnificamente, em sua resolução, ele derrapa. O filme toma uma vertente completamente diferente: parte para a correria e ação desenfreada, começando a apresentar até mesmo furos de lógica (nem o mais confiante vilão do mundo daria, quase que de graça, uma chance para a protagonista fugir de seus domínios). Cai no clichê do ''heroína fugindo da vilã/ heroína precisa encontrar aquela-coisa-importante para escapar'', o que é uma pena, para um filme tão belo visualmente e que possui toda uma primeira parte excelente.


   O que fica é um filme ótimo, mas que cai nos clichês, porém a magia da obra é tanta que, na hora de colocar na balança, você acaba até esquecendo desses problemas...      Nota: 8/10
   
   (Escrevi essa crítica à pedido do nosso amigo Zé. [palmas para o Zé] Quem quiser pedir para algum outro filme...)


* Informação lembrada por um leitor anônimo

3 comentários:

  1. Teri Hatcher/(Other) Mother kdkd :( q
    Adorei e agreed (pq "concordado" fica tenso)
    PALMAS PROCÊ, MENINE


    ps:AI NÃO FUI O ÚNICO QUE PERCEBEU A COISA CORRIDA DO FILME AHSUAHUSH XDDD

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  2. Não que seja de muita coisa, mas Coraline é baseado no livro de mesmo nome de Neil Gaiman. E sobre a 'mudança de direção' ela é necessária para mostrar a desconstrução da ingenuidade de Coraline, que vê seu mundo perfeito, onde os pais tem tempo para ela, para o perfeito pesadelo. Podemos afirmar então que Coraline é a metáfora do amadurecimento precoce das crianças de hoje.

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  3. É, anon, a informação sobre o livro ficou faltando. Editarei, muito obrigado (:. Quanto à metáfora: sim, concordo que há essa intenção, mas não vejo uma ligação direta entre isso e a aceleração da parte final. Vejo que já ficaria subentendido nas próprias atitudes da personagem (mesmo antes da mudança de direção, sua personalidade já era bem diferente). Caso a ''corrida'' do fim tenha sido por isso, só posso dizer que houve um equívoco por parte do Selick e de sua equipe. Não era necessário e uma saída mais inteligente poderia ter sido criada.

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